Espetáculo “Hamlet (Q1)” volta ao Teatro da UFSC neste fim de semana

09/09/2014 00:56

Hamlet, com GPTN, WEB800 1A apresentação do Grupo Pesquisa Teatro Novo integra o Projeto Cena Aberta da UFSC

A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca, tal como teria sido encenada pela primeira vez. Até então inédita no Brasil, é o primeiro dos três ‘Hamlets’ escritos por Shakspeare.”

 

O Teatro da UFSC recebe nova temporada do espetáculo “Hamlet (Q1)”, nos fins de semana dos dias 12, 13, 14, 19, 20 e 21 de setembro, às 20h30min.  O texto foi traduzido pelo professor de Literatura da Língua Inglesa da UFSC, José O’Shea, tem direção geral e de produção da diretora de teatro do Departamento Artístico Cultural (DAC) da UFSC, Carmen Fossari, com o ator Bruno Leite no papel de Hamlet e elenco do Grupo Pesquisa Teatro Novo. A apresentação faz parte do cronograma Projeto Cena Aberta, do DAC. A entrada é gratuita, mas mediante convite-ingresso que deverá ser retirado na bilheteria do teatro, a partir de uma hora antes do início do espetáculo

Escrito no ano de 1603, Hamlet (Q1) — “primeiro in quarto”, referência à forma como era dobrada a folha impressa — tem um ritmo e encadeamento das falas e cenas que se constituem num belo presente teatral ao elenco e público, que podem compartilhar em o mais teatral dos Hamlets de William Shakespeare.

 

Hamlet (Q1)

Segundo o tradutor José Roberto O’Shea, este primeiro texto, impresso de Hamlet,  é notadamente o mais teatral, com inúmeras referências  às montagens teatrais da época. O texto é escrito em verso e prosa.

Shakespeare escreveu ainda mais dois Hamlets . O primeiro Hamlet (Q1) está sendo encenado pela primeira vez no Brasil através do Grupo Pesquisa Teatro Novo, montagem que o grupo estreou em 2012.

A montagem é inspirada no teatro asiático japonês, desde o universo do Teatro e Dança Noh e Kabuki (maior influência) e a sonoridade do Taikô.

A opção da linguagem oriental para um texto ocidental traduz, em parte, esta necessidade de distanciar a cena para aproximar o foco dramático e, por fim, dar vazão à universalidade do personagem Hamlet.

Esta montagem de Hamlet(Q1) levou  2 anos, entre  a pesquisa textual e a incorporacão com o link da cultura oriental

Hamlet, com GPTN, WEB800 2O Grupo

O Grupo Pesquisa Teatro Novo, que teve atuação decisiva na criação do Teatro da UFSC junto com o INACEN/MINC, no ano de 1979, onde tem sua sede, congrega alunos vindos de diversas áreas da UFSC, bem como pessoal técnico-administrativo, alunos de pós-graduação, docentes da UFSC e atores  convidados da comunidade.

Atua em diversas frentes, mantendo trabalho em alguns núcleos: Teatro de Bonecos, Teatro de Rua, Luz Negra, Dramaturgia Catarinense (Leituras Dramáticas),Textos Clássicos e, nos últimos anos, tem atuado junto com a área científica, tendo  montado a peça As Luas de Galileu Galilei. Este núcleo tem agora um novo desafio: um musical sobre a vida e a obra de Albert Einstein, com assessoria do GEA da UFSC.

 

A diretora da peça

Carmen Fossari é coordenadora da Oficina Permanente de Teatro (OPT) e do Grupo Pesquisa Teatro Novo (do qual também é diretora artística), ambos do Departamento Artístico Cultural da UFSC. Dramaturga, atriz, poetisa, membro da ACLA (Academia Catarinense de Letras e Artes). Em seu currículo constam mais de 70 direções e produções teatrais, apresentações representando o país  na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Colômbia, México, Porto Rico, e Portugal.

Em 2012, lançou seu segundo livro de poesias, Lua Palavra Nua, na 22ª Feira Internacional do Livro de São Paulo. Consta do Dicionário Brasileira de Escritoras de  Nelly Novaes, no Catálogo Brasileiro de Dramaturgia de Maria Helen Kunnher(RJ) bem como do Dicionário Catarinense de Escritores.

O tradutor

José R. O’Shea é bacharel pela University of Texas, mestre em Literatura pela American University e PhD em Literatura Inglesa e Norte Americana pela University of North Carolina. Na condição de “research fellow”, realizou estágios de pós-doutoramento no Shakespeare Institute-University of Birmingham, na University of Exeter e na Folger Shakespeare Library. Ingressou no quadro de docentes da Universidade Federal de Santa Catarina em 1990, onde é Professor Titular desde 1993. Atua em pesquisa, orientação e ensino na área de Literatura de Língua Inglesa, principalmente nos seguintes temas: Shakespeare, Performance e Tradução Literária. É pesquisador do CNPq desde meados dos anos 90, com projeto que contempla traduções em verso e anotadas da dramaturgia shakespeariana, com cinco de tais traduções já publicadas e uma em fase de revisão.

 

Hamlet, com GPTN, WEB800 3A montagem

O espetáculo traz à cena o fôlego do inusitado ao fazer uso da linguagem e estética da dança e do teatro oriental, em especial o Kabuki, e apropriar-se dos recursos daquele teatro como leques, sombrinhas, taikô, descontextualizando aspectos geográficos, mas ampliando as complexas relações entre a família do Príncipe da Dinamarca.

Os figurinos, traduzidos numa síntese entre as linguagens Oriente/Ocidente, adquirem, ao transcorrer da encenação, uma dimensão ritualística e profunda.

Outro elemento diferenciado será a surpresa preparada ao público quando da cena do Metateatro, com a Cia. de Teatro que Hamlet contrata, para confrontar o Rei recém coroado como sendo o assassino de seu pai Rei Hamlet.

Hamlet (Q1) éum texto do Ocidente, visto sob a ótica da cultura do Oriente, transpassando o que a contemporaneidade, através da globalização, tem de pior, que é o estraçalhamento das culturas diferenciadas.

 

Um pouco de história

A leitura minuciosa da tradução de O’Shea do texto de Shakespeare traz Hamlet (Q1)com características bastante diferenciadas da escritura mais conhecida do texto de Hamlet mais metafísico.

Segundo o tradutor O’Shea (um dos mais significativos tradutores da obra de Shakespeare em Língua Portuguesa) este texto, escrito em 1603, traz uma dramaturgia toda focada para a ação dramática confluindo tanto a prosa quanto o verso. Neste texto, percebe-se o Shakespeare ator e diretor de teatro, o texto está repleto de indicações sobre o universo do fazer teatral, há opiniões sobre a interpretação de alguns atores, e Hamlet olha para o trono com um desejo mais forte de aceder ao poder.

Alguns aspectos da tragédia, como as sete mortes desta ficção histórica de Shakespeare, todas imbricadas na sucessão do Rei da Dinamarca, certamente, além de serem frutos da brilhante mente de William, não são temas aleatórios as “reais” sucessões monárquicas.

A história política de um Japão do século XVII em vias de conseguir sua unificação traz à cena histórica uma guerra civil estabelecida entre os senhores feudais (futuros daimyos) pela posse da terra.

Este emblemático ano coincide com o surgimento do Teatro Kabuki, todo realizado por mulheres, oriundas do povo, e cuja sensualidade inerente provocou, em nome dos “bons costumes”, a proibição das mulheres na cena, quando inicia a inserção na cena Kabuki de homens interpretando personagens femininos.n

No ano em que William Shakespeare imprimia o fólio de Hamlet in Quarto (1603), no Oriente iniciava o último Xogunato Tokugawa (Edo Bakukfu), uma dinastia familiar, militar feudal e que permaneceu no poder até o ano de 1868, e cujo feito mais significativo foi ter conseguido, diante de um mar de sangue, a unificacão do Japão.

As mortes e o sangue são cenário na luta pelo poder e jorram febrilmente em todas as geografias do mapa mundi e, lamentavelmente, estão presentes nas ações contemporâneas dos países imperialistas.

A arte faz aflorar uma radiografia da construção e desconstrução do Humano, e em Shakespeare a visão é sempre mais ampla, atemporal e universal.

Dos seus textos afluem, com paixão, personagens que, embora datados, vivem no país do humano onde a geografia não determina nem exclui. Fruto desta genialidade do dramaturgo, ator e diretor William Shakespeare, seus textos atravessam séculos com a mesma inserção verossímil em outros tempos e outros matizes culturais.

 

Hamlet, com GFPTN, 2012, WEB800Sinopse

A peça, situada na Dinamarca, reconta a história de como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai Hamlet, o rei, executando seu tio Cláudio, que o envenenou e em seguida tomou o trono casando-se com a mãe de Hamlet. O texto de William Shakespeare traça um mapa do curso de vida e explora temas como a traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.

 

SERVIÇO:

O QUÊ: Espetáculo “Hamlet (Q1)”, no Projeto Cena Aberta

QUANDO: dias 12,13,14,19, 20 e 21 de setembro de 2014 (de sexta-feira a domingo), às 20h30min.

ONDE: Teatro da UFSC (ao lado da Igrejinha), Praça Santos Dumont, Trindade, Florianópolis-SC

QUANTO: Entrada gratuita, mediante convite-ingresso retirado na bilheteria do teatro, a partir de uma hora antes do inicio do espetáculo.

CONTATO: Diretora-geral do espetáculo – .

 

Para mais informações acesse www.hamletnokabuki.blogspot.com

www.carmenfossari-armazemdapalavra.blogspot.com

Visite www.dac.ufsc.br

 

Fonte: [CW] DAC: SECULT: UFSC, com fotos da produção e texto da direção do espetáculo.

 

Hamlet, com GPTN, WEB800 4Elenco:

Ator —  Personagem

Bruno Leite  – Hamlet

William Farias – Rei Cláudio

Ivana Fossari  – Gertred

Mariana Lapolli – Ofélia

Jaime Monte – Corambis

Bruno Lapolli – Sentinela do Castelo de Elsinore, Horácio

Bruno Floriani – Hamlet Pai /Fantasma, Laertes

Muriel Martins –  Atriz, Duquesa da Cia. dos Atores/Trágicos, Ebaixador Inglês, CavaleiroFalastrão

MárciaCattoi –  Atriz da Cia dos AtoresTrágicos ,Cornélio e 1º Coveiro

NeiPerin – Montano, Ator da Cia. dos Atores Trágicos, Sacerdote, Capitão

Fortebraço (Tropa da Noruega)

Roberto Moura – Guarda  de Elsinore, Ator da Cia de Teatro,Embaixador

Thaiana Volkmann – Rosencraft, Atriz  da Cia. dos AtoresTrágicos, 2º Coveiro e Cantora, Voz Soprano

SuelenBenicá – Gilderstone

Daniel Berger – Voltmar

Cleber Bossetti – Cacaleiro Falastrão

MaíraGauer – Cantora , VozSoprano, MontanoM

 

Técnica:

Cenário: MárcioTessmann e Carmen Fossari

Iluminação: Carmen, Márcio e Luciano Bueno (montagem)

Figurino: José Alfredo Beirão

Sonoplastia : Vinícius  Nakandakari e GrupoSchimadaiko

Preparação Vocal: Teresa Pessenti

Preparação Corporal: Fefi Manhães, continuidade Mariana Lapolli

Coreografia e manuseio dos leques: Calufoss

Cartaz: Márcia Cattoi

Fotografia: José Belli, Márcio e Carmen

Apoio : Carla, Sergio Bessa, Carlos Wan Zuit

Maquiagem: Alice Sinzato (pesquisa) e  O Grupo

Arte final dos impressos : Michele Millis e Márcia Cattoi

Assessoria Cultura Oriental: Associação Nippo Catarinense, Alice Sinzato e Maria Amélia Dieckie

Produção: Grupo Pesquisa Teatro Novo

Direção Geral: Carmen Lúcia Fossari

Promoção: Departamento Artístico Cultural (DAC), Secretaria de Cultura (SeCult), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

.