Monumento às Vítimas do Descobrimento da América

Mobnumento às Vímas do Descocrimento da AméricaSobre o Monumento

No período de 1989 a 1992, a Universidade Federal de Santa Catarina organizou o “Projeto América: 500 Anos de Dominação” que trouxe para o meio acadêmico debates, estudos e pesquisas que contribuíssem para a compreensão do que significou a chegada dos europeus ao continente americano. As reflexões foram realizadas no período em que se completavam os 500 anos do “descobrimento” da América, ocorrido em 1492. Em julho de 1992, o então diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, e integrante do projeto acima citado, encaminhou ao Conselho Universitário a proposta de edificação de um monumento na UFSC em homenagem às vitimas do descobrimento da América

A escolha do projeto se deu através de um concurso realizado, em 1994, numa parceria entre vários setores da UFSC: Museu Universitário (atual Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC), Departamento Artístico Cultural, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, e Centro de Filosofia e Ciências Humanas. A divulgação desse concurso foi feita em todos os países do continente americano.

A proposta consistia em fazer crescer a consciência de que a partir de 1492 com a instauração do colonialismo no continente, acarretando desestruturação cultural e desigualdade social, se iniciava uma experiência nefasta e dolorosa aos povos aqui existentes. A construção do monumento no campus, assim, poderia vir a significar o aprofundamento e a reinterpretação do sentido da chegada de Cristóvão Colombo à América e as conseqüências daí advindas.

Participaram do concurso 80 trabalhos vindos de artistas do Brasil. Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Costa Rica e México. Desses, 10 foram selecionados para uma exposição dos protótipos que aconteceu no Hall da Reitoria de 22 de setembro a 15 de outubro de 1994. O projeto escolhido para ser executado foi “NovoSol” dos artistas Ivens Fontoura, Aurora Mendes e Marcia Simões.

O Monumento às Vitimas do Descobrimento da América foi construído na Praça da Cidadania do campus Trindade da UFSC, em Florianópolis, e inaugurado no dia 2 de junho de 1995.

 

Justificativa para a construção

a). multiplicar os horizontes de compreensão do fenômeno; b) ser um marco simbólico dedicado às populações indígenas da América; c) ser uma critica à forma como foi iniciado o processo colonial; d) propiciar maior identificação com a história do continente; e) ser a formação de nova mentalidade de consciência crítica com relação à realidade; f) servir à recuperação da dignidade e emancipação dos povos, à garantia dos direitos humanos; g) servir de reconhecimento da diversidade étnico-cultural; h) servir, como o fez Rigoberta Menchú, ao dialogo, à Paz.

 

Projeto NovoSol – Monumento às Vítimas do Descobrimento da América

A interpretação do descobrimento da América e sua conquista pelos europeus é manifestada nesse Monumento por meio do corte e de uma seqüência de signos. Simbolicamente, o corte tem a finalidade de caracterizar a chegada do colonizador e o conseqüente deslocamento de direção, sem, contudo, interromper plenamente a evolução de seus habitantes.

A secção transversal inclinada divide de forma abrupta o monolito de concreto que representa o desenvolvimento cultural do povo americano. Não obstante, tal cisão simbólica, também, a união de dois mundos expressada de duas formas distintas e simultâneas. De um lado, fortalecendo a união das partes mencionadas como se fora uma cicatriz; de outro, a presença de uma ferida aberta ao tempo e carente de uma ação profilática. A junção das partes é feita com sucata de ferro oxidado.

A aplicação de diferentes signos realizados em revestimento cerâmico recobre o monolito com a finalidade de propiciar com sua leitura, momentos de reflexão sobre a dicotomia da questão do descobrimento e de suas vítimas. A parte inferior contém uma significativa carga de signos referente à produção da sociedade pré-hispânica, enquanto que na superior, tal presença diminui, sendo substituída gradativamente por signos de outras sociedades posteriores ao descobrimento.

O coroamento do monumento é feito com um orifício em forma de sol – um novo referencial de luz – que alerta a presença do NovoSol em Santa Catarina.

A implantação do Monumento é realizada sobre uma base de forma quadrada com água e grama, fazendo menção ao Mar e à Terra. Seu posicionamento corresponde à Ilha de Santa Catarina, norteado por um perfil metálico indicando a linha do Tratado de Tordesilhas, a qual, em 7 de julho de 1494, dividiu o Novo Mundo em terras portuguesas e espanholas aqui representados por dois tipos de gramas.

 

Os artistas

– Ivens Fontoura (Curitiba, PR, 1940) – Designer e Artista Plástico.

– Aurora Mendes (Joinville, SC, 1938) – Escultora e Ceramista

– Márcia Simões (Londrina, PR, 1948) – Artista plástica e designer gráfica. Professora na UFPR

 

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