Lançamento do documentário ‘Ratones: Vidas e Lidas’ no Teatro da UFSC, nesta segunda, 25/11

21/11/2019 01:14

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Seu Divo com câmera. Foto de Maurício Muniz

Um pouco da história de Ratones, distrito de Florianópolis, no norte da Ilha de Santa Catarina, contada por alguns de seus protagonistas. Histórias e memórias de antigos moradores que vivenciaram afazeres de uma comunidade isolada até os anos 1970, mesmo situada a 20 km do centro da capital do estado. Esse o foco do documentário “Ratones, Vidas e Lidas”, realizado por Leani Budde e Maurício Muniz que será apresentado dia 25 de novembro, às 20 horas no Teatro da UFSC (ao lado da Igrejinha), com entrada franca.

Ao relatar lembranças, homens e mulheres relembram o trabalho desde crianças no cultivo da mandioca, nas farinhadas, na pesca de subsistência; se emocionam ao relatar o Terno de Reis, tradição abandonada há 30 anos. Mulheres contam das benzeduras que ajudavam os moradores num tempo em que ir ao médico era para poucos, o acesso à cidade feito  em carro de boi. A narrativa se desenrola, e em seus depoimentos vislumbra-se um outro tempo, as entrelinhas permitem ler várias questões sociais e culturais.

O documentário foi idealizado por Leani e Maurício a partir da percepção da necessidade de colher os saberes de pessoas idosas da comunidade, e por isso começou em 2017 como trabalho voluntário de ambos. Em 2018, o projeto foi apresentado no Edital de Cultura da Fundação Cultural Franklin Cascaes e contemplado com recursos, sendo finalizado recentemente e exibido de forma gratuita em vários locais.

O vídeo foi apresentado numa sessão especial para a comunidade de Ratones, e, segundo os realizadores, o resultado foram comentários emocionados, pelo reconhecimento de uma vivência comum e antes pouco valorizada. Uma pré-estreia foi realizada na Casa da Memória e agora o documentário esta sendo lançado no Teatro da UFSC para toda a comunidade.

Sobre os realizadores do documentário

Maurício Muniz

Artista visual autodidata, Mauricio Muniz começou em 1968, aos 12 anos, expondo ilustrações no III Salão Lageano em Lages SC. Seu material de trabalho é qualquer objeto ou suporte, tela ou instalação, tinta, papel, vidro ou metal. Curiosidade e improvisação. Pintor, ilustrador, escultor, artista gráfico, cenógrafo, diretor de arte, dirige e produz vídeos e ministra oficinas. Buscando essa ordem na desordem, Mauricio tem obras no Brasil, no acervo do Museu de Arte de Santa Catarina, no acervo da Universidade Federal de Santa Catarina, nos Estados Unidos, França e Itália. Já expôs em São Paulo, Florianópolis, Vermont, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília. Integrando o Grupo ArtMOsfera, em 1984 participou da Mostra Catarinense no MASC com uma instalação urbana. Na ACAP em 85 o grupo fez uma instalação inflável que se expandiu para pontos notáveis da cidade.

Desconstruir referências… e iniciar outras. Em 2008, na coletiva “Lestada e a Desconstrução”, na Fundação Cultural Badesc em Florianópolis, as obras apontam para a ambivalência na ordem que impomos à cidade. A verticalização desordenada e a possibilidade de afundar a cidade-ilha.  Em 2012, uma instalação urbana em um evento do Museu Vitor Meireles chamado “Mar Pra Quê?”, um naufrágio no meio da rua com o nome de “Inundação”, a cidade inunda o mar. A mostra mais recente, Processos Construtivos, foi com pinturas em grande formato de uma série chamada “Através”. São imagens que têm referência nas imagens de microfilme, um processo onde documentos são arquivados através de negativos, e são as microfilmagens de intervenções de censores nos jornais dos anos da ditadura,  com todos os sentimentos  que são parte do conjunto de quadros de tecido sintético negro e tinta automotiva. Desde 2011, participa de oficinas de vídeo e teatro “curtas com equipamento de baixo custo” para adolescentes em Santo Antônio de Lisboa, através do Ponto de Cultura Pescadores de Cultura.

Leani Budde, por ela mesma

Sou Leani Budde, 55 anos, formada em jornalismo pela UFSC, em 1985. Também cursei Psicologia na Univali e tenho mestrado em Literatura/UFSC e fiz o doutorado interdisciplinar em Ciências Humanas na UFSC. É a primeira incursão minha na área de vídeo documentário depois de encontrar Maurício em atividade comunitária aqui do bairro [Ratones], onde ambos moramos, eu desde 2003. Como interessada em histórias de vida, tinha como intuito realizar entrevistas com antigos moradores para registrar a história em livro, mas como Maurício sugeriu fazermos em vídeo, área em que ele já tem experiência, começamos a gravar… [era preciso aproveitar a presença dos mais idosos] — quatro dos entrevistados já se foram agora. O trabalho teve maior impulso após a aprovação do projeto no edital da Fundação Franklin Cascaes. [Um desafio] foi que fizemos longas entrevistas e o número de entrevistados acabou sendo maior do que o previsto, o que aumentou em muito o trabalho de seleção e edição. Assim, decidimos nesse primeiro momento mostrar um panorama geral sobre Ratones de anos passados, falando basicamente da labuta diária, dificuldades de acesso a serviços, e um pouco da tradição, abordando o Terno de Reis. Mas temos material muito rico ainda a ser aproveitado para novos vídeos, talvez em forma de seriado por temáticas: farra do boi, bruxas e lobisomens, queda do avião em 1980, etc.

Comentários de Maurício Muniz sobre a produção

Em 2016, fiz uma oficina na AMORA (Associação de Moradores de Ratones), com a intenção de despertar o documentarista que se esconde em cada um, tendo em vista que moramos num lugar cheio de assuntos interessantes e com tantos jovens que desconheciam a história de seus antepassados. Foi lá que conheci pessoalmente a minha parceira nesse documentário, que é jornalista e escritora: Leani Budde. No ano seguinte, começamos a gravar com pessoas idosas mais antigas que viveram a época da ilha dentro da ilha. Logo cada entrevistado nos recebeu de braços abertos e gentilmente citava ou indicava outras pessoas, e acabamos gravando 24 entrevistas.

Usamos uma câmera Panasonic com três MOS, que tem excelente qualidade para pouca luz em 1080p (full HD). Eu uso essa câmera há 5 anos para projetos de baixo custo e ela dá conta do recado. Uso sempre, além dessa, uma Gopro 3 como segunda câmera para ter o registro aberto da entrevista. Uso como backup, para o som, um zoom H1, gravador digital com excelente qualidade. É um projeto que inicialmente teria 20 minutos, mas acabou com 38 em razão da quantidade de entrevistados.

Ficha técnica:
Ratones – vidas e lidas
Realização: Leani Budde e Maurício Muniz (Florianópolis, 2019)
Duração: 38´
Classificação Indicativa: Livre
Patrocínio: Fundo Municipal de Cultura de Florianópolis / Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes / Prefeitura de Florianópolis (Cultura, Esporte e Juventude)

Apoio: Associação dos Pescadores do Rio Ratones – APRR
Associação de Moradores de Ratones – AMORA
Departamento Artístico Cultural (DAC)/Secretaria de Cultura e Arte / Universidade Federal de Santa Catarina

Serviço:

O quê: Lançamento do documentário “Ratones: Vidas e Lidas” no Teatro da UFSC
Quando: dia 25 de novembro de 2019, segunda-feira, às 20 horas
Onde: Teatro da UFSC (ao lado da Igrejinha), Praça Santos Dumont / Rua Desembargador Vítor Lima, 117, Trindade, Florianópolis (SC).
Quanto: Gratuito e aberto à comunidade. (A capacidade do Teatro é de 108 lugares.)
Contato: Departamento Artístico Cultural (DAC) da UFSC – (48) e 3721-3853, 3721-9447 e 3721-6493 — www.dac.ufsc.br
Classificação Indicativa: Livre


[CW]DAC/SeCArte/UFSC, com texto e fotos dos realizadores do documentário.

 

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