Átila Ramos expõe pinturas e lança livro sobre cinemas de rua de Florianópolis, dia 17/04

12/04/2018 03:19

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As obras do Artista Plástico Átila Ramos registram a memória dos cinemas da cidade  -– a abertura da mostra conta ainda com lançamento do livro homônimo

Abre nesta terça-feira, dia 17 de abril, às 18 horas, no Hall da Reitoria da UFSC, a exposição de pinturas “Cinemas (de rua) de Floripa”, do artista plástico catarinense Átila Ramos.  Serão expostos 21 trabalhos que utilizam a técnica de pintura em acrílico sobre tela. As dimensões variam em média de 40x50cm. A mostra, que estará aberta ao público até o dia 10 de maio, é gratuita e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 7 às 20 horas.

Na abertura da mostra, haverá também o lançamento do livro do artista sobre o mesmo tema da exposição. O livro “Cinemas (de rua) de Floripa: a história dos cinemas de rua de Florianópolis (mudos e sonoros) desde 1900” é a síntese de uma pesquisa de 4 anos sobre os cinemas de Florianópolis, num registro de uma memória com mais de 100 anos de história na cidade.

Alguns exemplares do livro – que tem o apoio de impressão da Secretaria de Cultura e Arte, da Universidade Federal de Santa Catarina –, serão distribuídos ao público durante o lançamento, e parte será doada para instituições culturais. A realização desta exposição na Universidade é uma iniciativa do cineasta Zeca Nunes Pires, coordenador do Departamento Artístico Cultural (DAC) da UFSC.

Como surge a exposição

No ano de 2013, Átila Ramos apresentou, pela primeira vez, algumas pinturas sobre os cinemas de Florianópolis. Naquela ocasião, em uma mostra livre organizada por alguns artistas da cidade, foram expostas algumas obras de sua autoria, sendo que dois desses trabalhos ilustravam alguns cinemas de rua – o Cine Roxy e o Cine Ritz. Esses cinemas retratados nas obras, no entanto, já eram familiares ao artista.

Foi em uma pesquisa, em busca de dados históricos sobre o Cine Roxy, realizada na Biblioteca Pública do Estado (SC), que Átila se surpreendeu com algumas informações desconhecidas – informações essas que serviriam como ponto de partida para resultar nas pinturas da atual exposição. Através de consultas em jornais de 100 anos atrás, o artista se depara com notícias a respeito de um cinema chamado “Cassino”, um cinema mudo datado do ano de 1909, o primeiro da cidade, que funcionava na Praça XV de Novembro, número 27.

A partir daí, Átila inicia um processo de pesquisas que se seguiriam pelos próximos 4 anos, resgatando dados históricos da era dos cinemas mudos da cidade de Florianópolis. Tendo acumulado um extenso conteúdo informativo, sintetiza a sua pesquisa no livro “Cinemas (de rua) de Floripa”. O artista ressalta que o conteúdo apresentado no livro está caindo no esquecimento da memória da cidade: “Esse resultado da pesquisa que está sendo lançado está enterrado. Ninguém sabe”.

Sobre o Livro

O livro de 120 páginas traz ilustrações com as obras do artista e recortes de jornais antigos que retratam os filmes em cartaz naquela época. A narrativa se divide em duas fases principais: uma sessão dedicada aos primórdios do cinema em Florianópolis, com os cinemas mudos; e outra sessão dedicada aos cinemas sonoros, que começam a surgir na cidade a partir de 1931.

A primeira fase retratada no livro resgata nomes como o “Cinema Art-Nouveaux”, inaugurado no ano de 1910, e que funcionava no Teatro Álvaro de Carvalho, depois denominado Cinema Theatro, que foi um local importante para a arte cinematográfica na cidade; o “Cinema Círculo”, fundado pela Igreja Católica em 1912; passando pelo luxuoso “Internacional Cinema”, na atual rua João Pinto, fundado em 1924; e chegando até a construção do Centro Arquidiocesano Dom Joaquim, que abrigou o Cine Theatro Centro Popular, de 1930 – o último espaço inaugurado na era dos cinemas mudos na cidade, mas o cinema sonoro  já chegaria à cidade no ano seguinte.

Já na segunda sessão do livro, o autor inicia destacando a chegada do primeiro cinema sonoro na ilha, o “Cinema Palace” (em 1931) – na esquina da rua Arcipreste Paiva com a Tenente Silveira –, numa realização de dois empresários que se unem para implantar o cinema falado. “Alvorada do Amor”, “que encerra lindos números de música”, é o primeiro filme a ser exibido, marcando o início de uma nova era nos cinemas de rua de Florianópolis.

A partir daí, o autor vai percorrendo os vários cinemas de rua da cidade, passando, entre eles, pelo Cine Imperial, Cine Rex, Cine Odeon, Cine Cecontur, Cine São José, Cine Art 7. Um percurso repleto de informações sobre a história dos cinemas de rua da cidade, que muita gente não conhece.

As Pinturas

O artista, que já havia pintado algumas obras sobre os cinemas sonoros de Florianópolis, dá sequência ao mesmo tema retratando também os cinemas mudos. Nessa segunda fase, suas pinturas se ambientam nos cenários mais antigos da cidade. Seus quadros dão vida às imagens de um passado esquecido sobre os cinemas daquela época, imagens que até então não haviam sido registradas em fotografias.

Átila Ramos realiza esse feito através de uma viagem no tempo, muitas vezes “criando” os ambientes. Guiado por suas pesquisas, detalha desde os minuciosos trajes dos personagens daquela época, até as antigas salas que contavam com orquestras para entreter o público na sua chegada ao cinema e nos intervalos, enquanto eram realizadas as trocas manuais dos rolos de filme nos cinematógrafos.


Sobre o Artista

Átila Ramos é natural de Florianópolis, nascido no bairro Saco dos Limões (1944), onde passou a infância. Desde cedo teve facilidade com os desenhos e já no primário a professora percebia sua habilidade que o destacava entre os demais colegas. No segundo grau, era o escolhido da turma para apresentar os desenhos desenvolvidos na disciplina de Educação Artística durante o ano letivo.

Átila Ramos junto à pintura de sua autoria. Foto: Criss Melo.

Encaminhando-se para a conclusão do segundo grau, Átila vê na Engenharia Mecânica a possibilidade de unir sua vocação artística aos projetos técnicos da profissão: “Eu aprendi bem cedinho que o campo da engenharia é vasto. Eu poderia trabalhar na prancheta, com desenhos, projetos […]”.

Graduou-se na Universidade Federal de Santa Catarina, onde atuou como professor do Departamento de Expressão Gráfica, ministrando aulas de desenho técnico para os cursos de engenharia. Logo que se formou, entrou para a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN) como engenheiro, onde trabalhou por 37 anos.

Desde que exercia seus trabalhos como engenheiro na CASAN, Átila já demonstrava possuir um olhar zeloso à preservação da memória. Após 8 anos na Companhia, Átila realiza uma pesquisa sobre a história do saneamento em Florianópolis o que vem a se tornar o seu primeiro livro, lançado em 1984.

Como autor, Átila Ramos lançou também uma série de 3 livros sobre a história do Carnaval na Ilha de Santa Catarina. O primeiro lançado em 1997 (Carnaval da Ilha) e o último em 2012 (Carnaval da Ilha III – em quadrinhos), após ser contemplado em edital da Fundação Franklin Cascaes na área de Literatura e Artes.

O olhar investigativo do artista-professor sempre despertou nele interesses que o impulsionaram a realizar trabalhos que registram o patrimônio cultural e momentos da história de Florianópolis, muitas vezes desconhecida ou esquecida. Paralelamente, sua percepção artística permitiu que fossem retratados – através de ilustrações, desenhos e pinturas –, aqueles cenários visitados pelo seu imaginário, sempre fundamentados nas suas profundas pesquisas.

Segundo o artista, obras suas integram o acerco de instituições catarinenses, como o Tribunal de Contas do Estado, a Assembleia Legislativa do Estado e o Museu de Arte de Santa Catarina.


SERVIÇO:

O QUÊ: Exposição de pinturas “Cinemas (de rua) de Floripa” do artista plástico catarinense Átila Ramos, e lançamento de livro homônimo na abertura da exposição .

ONDE: Hall da Reitoria da UFSC, Trindade, Campus da UFSC Florianópolis (SC).
QUANDO: Abertura da exposição/Lançamento do livro: dia 17 de abril de 2018, às 18 horas. Visitação à exposição: até dia 10 de maio, de segunda a sexta-feira, das 7 às 20 horas.
QUANTO: Gratuito e aberto à comunidade.
CONTATO: Departamento Artístico Cultural (DAC) da UFSC – 3721-9447 – www.dac.ufsc.br

 

Paulo Marcos de Assis / Estagiário de Jornalismo / DAC: SeCArte: UFSC

Veja também notícia sobre esse assunto escrita por Paulo Clóvis Schmitz e publicada no ND Online